Toda a vida na Terra provavelmente se originou de uma única faísca no início da história da Terra. Depois de um tempo, ela diversificou, ramificando-se em espécies que a ajudaram a sobreviver. O momento exato desses momentos tem sido uma questão de debate na comunidade científica, mas um novo estudo sugere que ambas as etapas podem ter ocorrido antes do que se pensava anteriormente. O estudo, realizado por cientistas da University College London, é baseado em evidências de vida microbiana diversificada dentro de um pedaço de rocha do tamanho de um punho de Quebec, Canadá, que tem entre 3,75 e 4,28 bilhões de anos.
Em 2017, os pesquisadores que a descobriram sugeriram que as estruturas na rocha – minúsculos filamentos, saliências e tubos – foram deixadas para trás por bactérias antigas. Mas nem todos estavam convencidos de que essas estruturas, que atrasariam a data do aparecimento dos primeiros sinais de vida na Terra, há pelo menos 300 milhões de anos, eram de origem biológica.
No entanto, após uma análise mais extensa da rocha, a equipe descobriu uma estrutura ainda maior e mais complexa do que as identificadas anteriormente. Dentro da rocha havia uma estrutura semelhante a um caule com ramos paralelos de um lado com quase um centímetro de comprimento e centenas de esferas ou elipsóides distorcidas junto com tubos e filamentos. "Isso significa que a vida poderia ter surgido apenas 300 milhões de anos após a formação da Terra. Do ponto de vista geológico, isso é rápido - cerca de uma revolução do Sol ao redor da galáxia", diz o principal autor do estudo, o geoquímico Dominique Papineau, da Universidade da Califórnia.
Uma questão-chave para Papineau e seus colegas era se essas estruturas poderiam ter se formado como resultado de reações químicas não relacionadas a seres vivos. De acordo com o artigo, algumas das estruturas menores poderiam ter sido o produto de reações abióticas, mas o tronco "semelhante a uma árvore" recém-identificado é mais provável de ser de origem biológica, já que nenhuma estrutura foi criada apenas por reações químicas. dos encontrados anteriormente). Além das estruturas, os pesquisadores descobriram substâncias químicas mineralizadas na rocha que podem ser subprodutos de vários tipos de processos metabólicos. Os produtos químicos são consistentes com os processos de coleta de energia das bactérias, que incluem ferro e enxofre. Dependendo da interpretação das características químicas, pode até haver indícios de uma versão da fotossíntese.
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Essa descoberta aponta para a possibilidade de que a Terra primitiva - 300 milhões de anos após sua formação - fosse habitada por muitos micróbios. A rocha foi analisada usando uma combinação de observações ópticas com microscópios Raman (que usam dispersão de luz para determinar a estrutura química) e reprodução digital de seções da rocha usando um supercomputador que processou milhares de imagens usando duas técnicas de imagem de alta resolução.
O fragmento de rocha em questão foi coletado por Papineau em 2008 do Cinturão Supracrustal Nuvvuagittuq de Quebec (NSB), que já foi parte do fundo do mar. O NSB contém algumas das rochas sedimentares mais antigas conhecidas na Terra. A rocha fóssil também foi analisada quanto aos níveis de elementos de terras raras, e os pesquisadores descobriram que ela realmente tinha os mesmos níveis que outras amostras de rochas antigas, confirmando que era tão antiga quanto as rochas vulcânicas circundantes.
Antes dessa descoberta, a primeira evidência fóssil de vida foi encontrada na Austrália Ocidental, datando de 3,46 bilhões de anos. No entanto, existem disputas semelhantes sobre se esses fósseis eram de origem biológica.
Talvez as implicações mais emocionantes dessa descoberta sejam o que ela significa para a distribuição potencial da vida no universo. Se a vida foi capaz de se desenvolver e evoluir nas duras condições da Terra primitiva, então pode ser mais comum no espaço do que pensamos.
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